terça-feira, 15 de dezembro de 2009

3 MESES, 3 CORTES, VÁRIOS LIVROS E REVISTAS.


   Sempre em começo de mês o anjo da guarda vem e corta, estrategicamente, a transmissão de TV a cabo aqui em casa. A medida que vão se aproximando “aqueles dias” eu já vou ficando puto e desenvolvo algo parecido com a TPM feminina. Com transmissão limitada aos canais abertos, e uma péssima imagem, é natural que eu deixe a tv de lado e procure outras coisas que me destraiam. Hoje constatei que o anjo da guarde tava era me ajudando, que o corte da TV favoreceu e me reaproximou da leitura, e que, sem perceber, comecei a ler bem mais. Nos últimos 3 meses, conte 3 cortes de transmissão, eu tirei o atraso de leitura do ano todo.
Engraçado, lembrei uma época qua a MTV parava a programação do meio de tarde e passava um tempão só com uma mensagem na tela: DESLIGUE A TV E VÁ LER UM LIVRO!


*A verdade é que minha mãe, angelicalmente, esquece e sempre atrasa o pagamento da empresa de TV a cabo.







terça-feira, 24 de novembro de 2009

LAS VENAS ABIERTAS...



   Há dois lados na divisão internacional do trabalho: um em que alguns países especializam-se em ganhar, e outros em que especializaram em perder. Nossa comarca de mundo, que hoje chamamos de América Latina, foi precoce: especializou-se em perder desde os remotos tempos em que os europeus do Renascimento se abalançaram pelo mar e fincaram os dentes em sua garganta. Passaram os séculos e a América Latina aperfeçou suas funções. Este já não é o reino das maravilhas, onde a realidade derrotava a fábula e a imaginação era humilhada pelos troféus das conquistas, as jazidas de ouro e as montanhas de prata. Mas a região continua trabalhando como um serviçal. Continua existindo a serviço das necessidades alheias, como fonte de reserva de petróleo e ferro, cobre e carne, frutas e café, matérias-primas e alimentos, destinados aos países ricos que ganham, consumindo-os, muito mais do que a América Latina ganha produzindo-os.
   Na caminhada, até perdemos o direito de chamarmo-nos americanos. Agora, a América é, para o mundo, nada mais do que os Estados Unidos: nós habitamos, no máximo, numa sub-América, numa América de segunda classe, de nebulosa identificação.
   É a América Latina, a região das veias abertas. Desde o descobrimento até nossos dias, tudo se transformou em capital europeu ou, mais tarde, norte-americano, e como tal tem-se acumulado e se acumula até hoje nos distantes centros de poder. Tudo: a terra, seus frutos e suas profundezas, ricas em minerais, os homens e sua capacidade de trabalho e de consumo, os recursos naturais e humanos.

TRECHOS DO LIVRO "AS VEIAS ABERTAS DA AMÉRICA LATINA" DO URUGUAIO EDUARDO GALEANO







terça-feira, 10 de novembro de 2009

INFELIZMENTE



   É assim bambino... no começo, como em qualquer relação, é só maravilhas, tudo é bonito e arrumado, alguem te traz para esse meio onde não há falsidades, interesses, inveja ou hipocrisia. Vocês se encontram e se saudam de bem, verdadeiramente, com fraternidade.
   Te chamam para dar uma força e você, obviamente, aceita com toda a boa vontade deste mundo, bobinho, sem nem imaginar as reais intenções. Mas é isso, sem saber de nada ainda, como iria adivinhar que são tão maus assim? Não aparentam.
   Aos poucos deixam escapar dicas de quem verdadeiramente são, tiram as máscaras para respirar e você, ainda encantado, não nota nada. Vez por outra até suspeita de algo, mas por inocência acha que é coincidência ou coisa da sua cabecinha.
   Aproveite tudo o que tem direito vivendo no país das maravilhas, porque se alguém tenta te contar a verdade, se opondo, eles o ridicularizam e chamam de louco, dizem que não é ninguém, que é uma pessoa complicada e detonam o cara para você, de uma maneira tão profissional que parecem ter um fluxograma pronto a ser aplicado nestas situações. E você acredita. Vai por mim, é assim, eu já vivi isso.
   Depois de um tempo você também vai estar na roda: eles te passarão pra trás, te privarão de algumas informações, irão te sabotar e te boicotar,  criando estórias mirabolantes. Você não acreditará e, inevitavelmente, irá se sentir injustiçado, eu estou aqui para te dizer: sim amiguinho, eles são capazes disso.
   Ai você amadurece bambino, e tudo aquilo que teu velho pai, meio maluco e também ridicularizado, te ensinou, os livros e filmes que ele te indicou, sua maneira de ver o mundo e seus ideais estranhos, mas sempre sinceros, começam a fazer sentido e chegam expandindo a tua pequena mente. Você começa criar ferramentas que podem ajudar a sair da caverna e ver a verdade, é isso que deves fazer.
   Lá fora bambino, verás que eles são covardes, tem mentes pequenas, vivem para dar satisfações, são falsos e só entram no joguinho armado, onde possam sair sempre vencedores. Se quiser ter alguma coisa com eles outra vez bambino, você precisa regredir, entrar na caverna outra vez.
   O que eu faria no teu lugar? Juntaria com os outros que também estão de fora e viveria feliz para sempre. Tô te falando bambino... é bem melhor.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

CARNE BÁRBARA


SÃO JOÃO DO MATADORES


Não me sinto culpado, Deus mata mais que eu
Não tenho inveja, não espero o paraíso
"O que vem como metade traz no início a marca do fim"
Meu nome... não é Caim
Descendente da maldição dos Átridas
De Tântalo pai e assassino de Pélope
Sou neto de Atreu que matou os sobrinhos
E serviu ao irmão Tiestes
Sou filho de Agamenon o pai assassino de Ifigênia
Morto pela mulher minha mãe Clitemnestra
Matricídio não, ao matar minha mãe fiz justiça
Sobrinho do fratricida Tiestes
Meu nome é... Orestes
Maior que Nero, Júlio Cesar ou Calígula
Maior que Cláudius, Hamlet ou Macbeth
Trago horror que "nem olhos ou palavra podem descrever"
Tenho os pés inchados
Matei meu pai, transei com minha mãe
Derrotei a Esfinge, tenho os olhos vazados
Ainda assim posso ver melhor que Tirésias
Conheço a dor, a angústia
Sou Édipo o tirano e rei
Sem rima, sem solução
Basta ler meus quadros, ver minhas cartas
Para Deus perdoar o homem
Não foi suicídio, ato egoísta de um ator só
Que sofre e pratica a ação, sujeito e predicado
Carrasco e vítima quem me matou foi o mundo
Meu nome é...Vincent Van Gogh
Matar é um ato cristão, não, não sou ateu
Sou um nobre católico na noite de São Bartolemeu
Nem os sino da igreja de San Germain de L'Auxerrois
Vão eclipsar vossos gritos protestantes
Todos "os assasinos vão para o céu, desde que matem
Em larga escala e ao som das trombetas"
"longa é a arte, breve é a vida"
Viver é prosa, matar é poesia
Poeta gênio precoce, filho da puta traficante de armas
Meu nome...é Arthur Rimbaud
Sou Vlad Dracul - o empalador, I van o Terrível, Corisco, Lampião
Sou Inveja, Iago, tenente rufino, Antônio das Mortes, Luz Vermelha
Minha era é o Ragnar-Rök, sou o Lobo Fenrir
Anito, Licon e Meleto, sou juiz de Sócrates
A cicuta e o cianureto
Sou São Tiago Mata-Mouros, cruzado medieval
Um medievo cristão europeu no terceiro mundo
Nazista, facista, ditador militar
Wasp estadunidense, assassino
Cuidado prostituta te pego
Uso e abuso, te descarto como talão de cheque
Te despetalo como murcha-flor
Meu nome é... Jack
O estripador


Junerlei Luis Dias Moraes Saletti




Junerlei é Amapaense, vive em São Luís (MA) e é professor do curso de comunicação social. Ganhou, com este poema, um festival realizado pela UFMA. É cineasta, crítico, escritor e batalha para publicar seu livro "Carne Bárbara".





quinta-feira, 1 de outubro de 2009

São Luís do Maranhão!

Ir a São Luisa do Maranhão é sempre uma alegria para mim, digo isso por que tenho familiares agradabilíssimos por lá. São meus tios e primos do bem que fazem da ilha, sim São Luís é uma ilha, um destino certeiro das minhas viagens. E dessa vez fui com a missão de conduzir minha avó para passar uns tempos por lá.
São Luís é mais do que as letras de belas canções do Zeca Baleiro e da Tribo de Jah, é uma cidade fantástica que possui várias facetas. Uma delas é, justamente, a do reggae, com a fama de ser a Jamaica Brasileira, a Ilha maravilha, a Ilha do amor, isso porque o reggae encontrou por lá um público fiel e apaixonado, que promove grandes festas dedicadas exclusivamente a este ritmo.
A cidade também é considerada patrimônio cultural da humanidade. Possui um charme peculiar em seu belíssimo, conservado e desenvolvido centro histórico que encanta e proporciona a momentos mágicos aos visitantes.
O estado do Maranhão tem uma cultura muito rica que mistura os elementos, as cores e os sabores das regiões Norte e Nordeste. Mas apesar da riqueza cultural, o Maranhão é um estado sofrido, pobre, se não me engano o 5º mais do país, que paga o preço pela incompetência das lideranças políticas que tem.
Sem dúvida nenhuma, é um local encantador que há muito tempo me conquistou. VIVA O MARANHÃO!
# Estive em São Luís entre os dias 24 e 28 de Setembro de 2009.
CURIOSIDADES:
* São Luís foi descoberta e fundada por franceses;
*Quem nasce lá é Ludovicense;
*Somente no Maranhão você encontra o autêntico Guaraná Jesus;
* São Luís é uma ilha;
* Há uma lenda local que fala da existência de uma serpente gigante por baixo da ilha;
* No dia que a serpente encontrar o rabo, a ilha irá afundar;
* No Maranhão, AÇAÍ se chama JUÇARA;
* Também no Maranhão, VIADO se chama QUALIRA.
Para ir lá, veja todas as dicas aqui: http://wikitravel.org/pt/S%C3%A3o_Luis

sábado, 26 de setembro de 2009

PORQUE REZAMOS ANTES DE DORMIR?


    Rezamos ou oramos antes de dormir porque nos achamos auto-suficientes e bons demais para nos cuidar e proteger durante o dia. É pura pré-potência. À noite, onde estamos dormindo e, portanto, vulneráveis, queremos que Deus nos proteja e nos guarde. Isso é reflexo do antropocentrismo, ideia de que o homem é centro do universo, que descarta a ajuda de Deus.


É como se disséssemos:

   - Olha Deus, vê bem, vou dormir e descansar aqui. O Senhor deve me proteger de tudo, ta entendendo!? São só essas 8 horinhas aqui. Amanhã cedo, quando eu levantar pode ir embora que eu me garanto durante o dia.
* Isso foi um pensamento que me veio ontem à noite, antes de dormir, enquanto fazia minhas orações. Nunca tinha visto o hábito de rezar ou orar antes de dormir por esse lado. Acordei, lembrei e resolvi registrar.



domingo, 20 de setembro de 2009

OS PIORES TEXTOS DE WASHINGTON OLIVETTO


Acabo de finalizar “Os piores textos de Washington Olivetto”.



   É um livro do que reúne textos gerais publicados em jornais, revistas e sites mundo afora, de todos de autoria do publicitário Washington Olivetto.



   Uma curiosidade inicial, que talvez tenha levado muita gente a ler, é o título. Afinal, porque aqueles são os piores textos de Washington Olivetto? Ele, brilhante, explica logo no início o porquê desses serem seus piores. Washington é publicitário, ama o que faz e diz ter nascido para isso - escrever anúncios e filmes publicitários - portanto ele considera seus melhores textos aqueles que foram feitos para anúncios, veiculados e premiados em todo o mundo. Os outros textos (não-publicitários) artigos, colunas e crônicas que vão para as revistas, são sem importância para ele, o próprio Washington considera ruim tudo que ele escreve que não é propaganda. Portanto os piores.




   Como são textos aleatórios, publicados nos mais diversos canais, o leitor encontra assuntos inusitados e inesperados. O velho Washington conta como começou em publicidade, seu primeiro emprego de redator, a época de golden-boy da publicidade brasielira e suas experiências gerais de mercado. Mas fala também de Madona, do Corinthians, de samba, bossa-nova, de suas viagens pelo mundo, ele dá muitas dicas de viagens pelo mundo, fala de seus bons amigos brasileiros e estrangeiros, e isso às vezes assusta. Assusta porque Washington conhece a fundo os melhores restaurantes, bares, lanchonetes e hotéis do mundo, sem falar em seus amigos pessoais que também são pessoas importantes e influentes em todo o mundo. Isso é citado por ele sem nenhuma cerimônia, o que na maioria das vezes nos deixa boiando por ser uma realidade muito distante da nossa.




    Apesar de todo o glamour de dua vida pessoal e de suas viagens, Washington é um cara simples. Ele fala, diversas vezes, na paixão que tem pelo pastel de feira, o botequim da esquina, o papo matinal com o porteiro, a ida ao estádio de futebol, e diz fazer tudo isso religiosamente, pois todas essas análises são matéria-prima importantes da criação publicitária.



   Washington dedica uns 3 capítulos para falar de propaganda-fantasma. Propaganda fantasma é aquela que os publicitários criam e produzem somente para ganhar prêmios, ou seja, não é veiculada, não chega ao grande público, fica restrita ao público que atua na área de propaganda. Washington é contra os fantasmas e tem um posicionamento muito forte com esse assunto, ao ponto de xingar os adeptos e rejeitar convites para ser jurado de premiações quando sabe que tem fantasmas concorrendo. Outro posicionamento forte dele é com propaganda política. Washington diz nunca ter feito nenhuma campanha política ou governamental, prefere a iniciativa privada, onde diz que as decisões são profissionais e não políticas.



    Por várias vezes Washington aborda o sistema de trabalho diferenciado que ele aplica na sua agência, a W/Brasil. Há um fluxograma próprio e algumas muitas peculiaridades. Ele fala como são as campanhas internas motivacionais, as estratégias de trabalho, os brainstorm e happy-hours. Me chamou atenção 2 desses projetos, o primeiro é a sexta-feira alguma coisa, onde é convidado um profissional de outra área não ligada a publicidade para bater papo com os funcionários da W/. Publicitário almoça e janta com outros publicitários, convive muito no meio, e essa foi uma forma que Washington encontrou para driblar isso. Toda sexta-feira chega um dentista, um músico, um policial, um advogado para conversar com a equipe e contar um pouco de sua rotina de trabalho. Além desse, outro projeto interessante é um em que o Washington, através de suas amizades, manda seus funcionários para estágios e períodos de experiência nas maiores agências do mundo. O carinha acha os trabalhos de uma agência fantásticos, sonha como seria sua estrutura, ai vai lá falar com o tio Washington, em 15 ele liga para o exterior e a vaga ta garantida. Fantástico!



   Aliás o livro todo é fantástico. Conheci um pouco mais dos hábitos, manias, ideologias dele. Aprendi muito com as dicas desse cara que é, sem dúvida, o Top of Mind na categoria profissional da publicidade brasileira.

O livro tem uma leitura gostosa, rápida, que vale muito a pena.



   Todos os melhores textos de Washington Olivetto foram, inevitavelmente, comprados. Indico a compra dos piores também. http://www.americanas.com.br/home/begin.do?home=AcomProd&departmentId=1472&itemId=136585


segunda-feira, 14 de setembro de 2009

A praia da Pipa (RN)

   Fui lá quando tinha 12 anos, e não percebi nada de tão diferente para um menino que só queria tomar banho de piscina.


   O tempo passou e conheci as pessoas certas para viagens e aventuras jovens. Pipa era uma viagem programada que tínhamos há algum tempo e só agora pode acontecer. Com muita disposição e jovialidade de todas as partes, aconteceu da melhor maneira.
Disposição logo no começo: a saída foi às 05:00 da manhã.


   Lá, apesar de toda estrurura de turismo, é tudo muito simples e muito rústico. Aconchego se tem por todo canto, mas luxo como as pessoas gostam só em alguns resorts. Lá se anda muito a pé e a vida tudo funciona, basicamente, na praia pela manhã e nos bares a noite. Mas nesse meio tempo também acontecem várias coisas legais.


   Pipa é uma rua com muitos bares e restaurantes, a maioria temáticos, cercada por muitos hotéis, resorts, campings, pousadas e 3 belas praias. Durante os passeios que fizemos sempre surgia a dúvida de como tudo aquilo teve início, se era viável e rentável construir um espaço daqueles em uma de nossas praias do Litoral Sul.






Pipa é um lugar mágico onde se encontra todo tipo de gente, de todos os cantos do mundo.


   Você pode comer os pasteis de um vendedor de praia espanhol;
Comprar artesanato brasileiro feito por mãos peruanas;
Escutar música cubana tocada por um bolludo argentino;
Ver um pescador arranhando o idioma francês p vender passeios de barco;
Cruzar com mulheres germânicas de 2m de altura;
Conversar e se divertir com os hippies que não sabem de onde vem nem pra onde vão.


- De onde você vem? foi uma pergunta que ouvi muito em Pipa.
Porque lá o mundo todo se encontra e se encanta. E Pipa dessa vez me encantou.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Demorei mas aqui cheguei

Demorei, relaxei, zoei, aguentei, pelei, caguei, andei, sempre gostei e agora entrei na Blogosfera!

   Neste espaço serão expostos as coisas legais da vida, que EU mesmo julgarei serem interessantes ou não. Sem nenhuma pretensão de atrair muitas visitas, tornar-se celebridade de internet ou algo do tipo, já tem muita gente fazendo isso.

   Este NÃO é blog de publicidade, música, contos, futebol, viagem, culinária, notícias, fotografia, científico, bobagens, downloads ou qualquer outro assunto. Mas passa a ser assim que um destes passar por minha cabeça.
Como tudo no que começo é mais legal, digo que estou ansioso e empolgado para viver Blog deste outro modo (como blogueiro) porque sempre acompanhei alguns como leitor. Vamos ver no que vai dar isso aqui. Tive uma boa primeira impressão.

PS: o endereço real que eu queria para o Blog era "youyuri" (música do Chico César) mas, como disse no início, demorei para entrar na Blogosfera e algum outro yuri ficou com este título maravilhoso.
É, demorei...